Análise do Dilúvio aponta falta de oxigênio para morte de peixes

03/12/2019 18:06
Alex Rocha/PMPA
MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Resultado completo do exame de água coletada no local deverá estar pronto em até dez dias

O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) coletou amostras de água no Arroio Dilúvio, nos cruzamentos das avenidas João Pessoa e Praia de Belas, para buscar a causa da morte de peixes nessa segunda-feira, 2. Foi a segunda ocorrência verificada em menos de 15 dias. Na análise preliminar, já foi possível observar que a concentração de oxigênio está muito baixa, o que prejudica a vida aquática. O resultado completo deve sair em até dez dias.

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams) também contatou o Instituto de Meio Ambiente da PUC, que realiza análise de água no local. O resultado parcial da coleta do final da manhã de 20 de novembro, um dia antes de serem verificados os primeiros peixes mortos, também indicou baixa concentração de oxigênio próximo à avenida Praia de Belas. 

O baixo índice de oxigênio na água ocorre por motivos como a redução do nível do arroio, com concentração de matéria orgânica, proveniente principalmente do despejo de esgoto não tratado e descarte de resíduos. Desde a sua nascente, em Viamão, o manancial recebe volumes de esgoto, especialmente das ocupações irregulares. Ao longo e acima da avenida Ipiranga, o cenário se repete, com áreas irregulares que geram esgoto e descarte de resíduos.

Em Porto Alegre, a Ecobarreira, projeto da Safeweb com apoio do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), já impediu que pelo menos 636 toneladas de resíduos chegassem ao Guaíba pelo Dilúvio, desde 2016, e está contendo peixes mortos que descem em direção ao Guaíba. O material içado do Dilúvio é levado pelo DMLU para a Unidade de Triagem e Compostagem (UTC) Lomba do Pinheiro, onde é triado e encaminhado para o Aterro de Minas do Leão (animais mortos e rejeitos) ou para reciclagem.  

Esgotamento sanitário - O Dmae está realizando obras de implantação de redes coletoras de esgoto no sistema sanitário Ponta da Cadeia, que impactam diretamente na bacia do Arroio Dilúvio. A ligação de esgoto na canalização correta é responsabilidade do morador, sendo fundamental a participação da população. Em muitos locais, a rede de esgoto cloacal passa em frente ao imóvel e a casa não está ligada corretamente. Nesses casos, se o usuário tiver dúvida, deve contatar o Dmae para solicitar a avaliação. 

Um projeto piloto coordenado pela Ufrgs na Bacia do Arroio Moinho, um dos principais afluentes do Dilúvio, prevê a instalação de barreiras para conter resíduos, recuperação de APP e implantação de redes de esgoto. Situado na região Sudeste de Porto Alegre, tem cerca de 4 quilômetros de extensão e percorre os bairros São José e Vila João Pessoa antes de desaguar no Dilúvio. O objetivo da proposta, encaminhada pela PUC para análise da Financiadora de Inovação e Pesquisa (Finep) e que conta também com a participação da Smams, é testar se o modelo pode ser replicado para outros pontos do Dilúvio. 

Porto Alegre oferece coleta de esgoto para 90% dos moradores. A rede coletora de 2.015 quilômetros de extensão conduz para tratamento 56% do esgoto gerado, faltando a implantação de mais de 1.200 quilômetros de canalizações. A cidade possui dez estações de tratamento de esgoto (ETEs) e 32 de bombeamento de esgoto (EBEs). 

O investimento necessário para universalização do esgotamento sanitário é de R$ 1,77 bilhão para toda a cidade, conforme o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB). Para ampliar a rede de cobertura e, consequentemente, reduzir a emissão de poluentes no Dilúvio e no Guaíba, a prefeitura de Porto Alegre começa nas próximas semanas estudo para definir a melhor modelagem para o saneamento básico na Capital.  

 

Cibele Carneiro

Rui Felten

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